Devo ser franco. Para que não se iluda a meu respeito, declaro desassombradamente que não o acompanho como homem, não sou seu partidário, mas o sigo, porque defende esta República, que eu também defendo. Por honra sua, não quero acreditar, não devo acreditar no que se anda propalando; compreende, porém, que momento há em que de tudo posso duvidar; e desvairo. A fadiga já me invade; preciso restaurar a minha tranquilidade. Floriano cerrou o semblante, contraindo o senho, com insólita expressão. Supus que tinha errado, procurando-o. A minha ansiedade era tamanha que se encontrasse um revólver à mão eu seria um eliminado. De súbito, o olhar do Marechal desanuviou-se. Até aquele segundo ele não proferira sequer um monossílabo. Esperei a resposta com relativa impavidez. As suas palavras seriam para outro enigmáticas; para mim foram claríssimas. "Quando seu pai ainda não cogitava em procurá-lo (a frase que empregou tinha forma menos austera), eu já era antigo de Solon. Pode retirar-se". Respirei; e aí tem como esse homem, algido na expressão fisionômica, se mostrou nesse momento, aos meus olhos, acocorado num recanto de sua sensibilidade de esfinge.
Esta pequena narração basta para provar quanto Euclides da Cunha se empenhava em viver uma vida paradoxal. Nunca rastejou pelas planícies, se bem que a sua figura física o tornasse parecido com um selvagem em travesti ou antes lhe desse o viso do tipo de algum guru descido do Tibete. Alma alcantilada, prezava