PREFÁCIO
Depois de consagrado por três edições anteriores, algumas cem vezes aumentado ao primitivo número de averbações, podendo dar-se ao luxo de um novo nome, como os heróis que os títulos nobiliárquicos transfiguram, este livro, ontem Nomenclatura Geográfica Peculiar ao Brasil, há pouco Onomástica Geral da Geografia Brasileira, agora, como deve ser pelo seu grande conteúdo de ciência e informação — Dicionário da Terra e da Gente do Brasil, bem dispensa uma apresentação. O livro cresceu e se aperfeiçoou, como da larva modesta vem a borboleta maravilhosa de hoje: também de 63 chega a 1.916 verbetes, e quanto acerto, reparo, perfeição, aqui e ali, não lhe deu a sabedoria e a experiência do autor! Portanto, é livro mestre que se impõe sem apresentações. O autor, que esta desejou, e, portanto, a exigiu da amizade, tem consciência disso. Não lhe cabe, pois, aquela pecha de Santo Ambrósio, a certa espécie de modéstia que, maliciosamente, chamou "de anzol" porque, se não era vaidosa, seria hábil, pescava louvores, como os ingleses dizem agora, numa expressão corrente: fishing compliments. Nada disso. Ao contrário. Esta apresentação condecora o apresentador, é uma indulgência do apresentado. Não há senão inclinar-se e obedecer.
Não corre, por isso, o livro o risco dos prólogos, "achaque antecipado", que lhes achava o bom Frei Heitor Pinto, porque muita força terá aquilo, de um outro grande autor, o delicioso Bernardim Ribeiro, quando diz que "o livro há de ser o que vai escrito nele".