Os sertanejos que eu conheci

PREFÁCIO

ALCEU AMOROSO LIMA


A verdadeira apresentação deste livro está feita na Nota da Editora, onde se conta, com a sobriedade exigida pelas coisas autênticas, quem é o seu autor e as condições em que foram escritas estas páginas, durante quase vinte anos de vida vivida em contato direto e total com o nosso sertão.

O que posso acrescentar é apenas que o livro é um dos documentos mais objetivos que já se escreveram sobre um Brasil que está em vias de desaparecer. Transpira verdade em cada linha. É a experiência de uma vida. Sem preocupação de fazer literatura. Ou de provar uma tese preconcebida. Ao contrário. Em face da realidade o Autor evolui na apreciação geral desse sertão, de que ele fez a sua segunda pátria por quase meio século.

Quando começou a escrever este seu segundo livro sobre o sertão (o primeiro data de 1947), contraditava a observação de Couto de Magalhães, de que o sertão era uma realidade em vias de desaparecer. Sua preocupação, na época, já depois de viver trinta anos em pleno Oeste, era — "afirmar, por mais paradoxal que pareça, o fato da continuação ou se quiserem, da sobrevivência do sertão de outrora, em pleno século XX".

Passa então a descrever, com, uma simplicidade encantadora, os costumes do povo dessas regiões longínquas, num teor de vida aparentemente imutável e que reproduzia, em pleno século XX, os mesmos aspetos da vida de outrora, de ritmo lento, em contato com a natureza, em nada afetados pela "civilização litorânea".

São páginas e páginas de uma leitura absorvente, em que a Verdade e a Beleza se conjugam naturalmente, esta nascendo espontaneamente daquela. São capítulos sucessivos sobre os hábitos do sertanejo, suas caçadas, suas pescarias, sua lavoura. Como se alimenta. Como se

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