Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

emissores e à encampação do direito de emitir papel-moeda pelo Tesouro Nacional. Combatia ele um projeto, firmado por Glicério e outros deputados, que visava assegurar a formação de um banco privado emissor, nos moldes dos que haviam deixado tão triste memória no tempo do governo de Deodoro.

Seu discurso sobre a reforma financeira é dos mais notáveis que se podem encontrar nos anais da primeira legislatura. Sem perder de vista seu propósito, que era o de combater a nova tentativa de restauração do emissionismo privado, origem dos escândalos do Encilhamento, dá um verdadeiro espetáculo de erudição especializada e geral e de domínio da tribuna. Sem chegar à grosseria, nem mesmo à impertinência, arrasa o Conselheiro Mayrink, também deputado e participante no esforço de restauração da licença de especulação e jogo, de que fora um dos beneficiários maiores, havia poucos anos.

Na renovação do Congresso, em 1894, Bulhões teve seus méritos reconhecidos, sendo eleito senador por Goiás. Tinha trinta e sete anos e era o mais moço dos membros do Senado.

Tal como fizera com Floriano, Bulhões não aceitou a sondagem de Prudente para entrar no Ministério. Nem era razoável que o fizesse, uma vez que conquistara, tão jovem, um mandato de nove anos na Câmara Alta.

No dissídio entre Glicério e Prudente, ficou com este, sendo eleito para o diretório do novo Partido Republicano, em companhia de políticos consagrados, como Afonso Pena, Porciúncula e Rosa e Silva.

No Senado, entre 1894 e 1902, consolidou seu prestígio no Estado e no país. Assim, quando Rodrigues Alves veio convocá-lo em 1902, sabia que chamava um político experimentado e um financista provecto, que poderia ombrear entre os melhores por ele escolhidos para outras pastas.

Rendera-se Leopoldo de Bulhões, explica seu filho e biógrafo "reconhecendo que poderia consolidar e colher os frutos de uma sadia política financeira, iniciada pelo próprio Rodrigues Alves, ministro da Fazenda, executada com brilho e tenacidade por Joaquim Murtinho e que, no Parlamento e pela imprensa, com ardor defendera".

Embora as ideias do presidente e do seu ministro fossem concordes e se mantivessem tal como as tinha aplicado o primeiro,

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