Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

no exercício da pasta, e defendido o segundo, ao longo dos seus mandatos parlamentares, não se podia agora esquecer que as condições em que iam atuar eram muito diversas daquelas sob cujo império tinham atuado anteriormente.

O governo Campos Sales havia conseguido pôr as finanças em situação muito melhor do que estavam no tempo em que Rodrigues Alves era ministro e Bulhões deputado. Afora isso, e em virtude mesmo daquela melhoria, o novo governo vinha disposto a um amplo programa de reformas e realizações, que não poderiam sequer ser cogitadas nos quatriênios anteriores. Portanto, as mesmas opiniões de antigamente deveriam nortear uma política diversa. Em resumo, competia a Bulhões assegurar a Rodrigues Alves os recursos necessários, fiscais e creditícios, à execução do seu programa, mas sem deficit orçamentário, sem queda do câmbio, sem inflação.

Não se pode negar que, malgrado os imprevistos e os fatores contrários, ele o conseguiu. Conseguiu-o apesar das despesas, não remunerativas de imediato, da incorporação do Acre; apesar dos gastos e prejuízos decorrentes de crises estaduais, como as de Sergipe e Mato Grosso; apesar do tremendo abalo da revolução de 14 de novembro. Por ser menos acessível e menos espetacular, a gestão financeira de Bulhões é pouco conhecida, embora situe-se no mesmo nível de importância histórica que as de Rio Branco, Lauro Müller, Passos, Frontin e Osvaldo Cruz, à frente dos respectivos serviços.

Outro aspecto, que não pode ser esquecido, é o entrosamento inevitável entre as finanças públicas e a economia do país, em geral. Isso é que explica a frieza de Rodrigues Alves e de Bulhões diante do plano de valorização do café, obstinadamente levado a efeito pelo presidente de São Paulo, Jorge Tibiriçá, através das medidas constantes do chamado Convênio de Taubaté e a hostilidade de ambos à Caixa de Conversão. A valorização implicaria, inevitavelmente, em uma política financeira de emissões de papel e de baixa de câmbio. A Caixa seria o instrumento de tal política. Ora, isto representava o oposto das opiniões do presidente e do seu ministro, que não poderiam concordar com uma orientação econômica destrutiva da política financeira indispensável à execução das vigorosas realizações da União. Câmbio baixo e inflação significavam pesados sacrifícios no pagamento de empréstimos externos, feitos para financiamento das grandes obras, além do encarecimento geral dos salários, equipamentos e serviços internos, às mesmas destinados.

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