Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

O verdadeiro ódio que a resistência de Rodrigues Alves à política de Tibiriçá despertou em São Paulo, a ponto de desprestigiá-lo muito no Estado natal, ao fim do seu vitorioso governo, era uma consequência de posições irretratáveis. O declínio político de Rodrigues Alves, ao termo do mandato, proveio, em grande parte, da oposição dos seus próprios patrícios, habilmente explorada por adversários pessoais, como Pinheiro Machado e Edmundo Bittencourt.

Mas o presidente, embora tenha procurado se enquadrar na candidatura Bernardino de Campos, em 1905, e tenha se submetido, até certo ponto, à política de valorização do café, em 1906, o que fez, nos dois casos, sem convicção e com reservas, não transigiu na esfera da sua competência constitucional privativa. Nem o poderia fazer, porque destruiria o seu próprio governo.

Rodrigues Alves, que subira ao ministério de Floriano para representar esses interesses estaduais, mas logo se afastara, imprimiu desde aquele tempo à sua gestão um sentido que, em linha geral, nunca variou. É claro que seus atos tinham de corresponder às mutáveis condições da evolução econômica do país. Mas a orientação básica foi sempre a mesma, no plano federal, como ministro de Floriano e Prudente, ou como presidente da República. Na resistência e nos sacrifícios impostos pela sua orientação financeira, revelou-se ele o estadista de mentalidade nacional, portador de diretrizes teóricas determinadas e capazes de superar o espírito de regionalismo.

Sua orientação era a do financista prático, crente no êxito das experiências consagradas, sem interesses pessoais nem preconceitos de escola.

Rodrigues Alves não era um místico do desenvolvimento inflacionário, como Rui Barbosa, hércules intelectual arrastado no turbilhão de leituras sem a vivência dos problemas financeiros; não era um livre-cambista à outrance, como Bernardino de Campos, cujo liberalismo econômico chegou ao impasse do revisionismo constitucional e levaria o Brasil, provavelmente, a deter seu progresso; não era um inexorável deflacionista tributário, à maneira de Campos Sales, que reuniu as ideias de crédito externo e honra nacional de forma a fazer do governo federal, durante quatro anos, o poder interventor por excelência, mas empenhado em sobrepor a honra ao progresso nacional.

Rodrigues Alves teve a felicidade de, no seu governo, poder levar a efeito uma política financeira que servia aos propósitos

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