valor-papel que o importador estrangeiro pagava ao fazendeiro, pelo café que comprava. Depois de argumentar longamente com dados técnicos sobre câmbio, emissões e trocas comerciais, apelando para vários exemplos de países estrangeiros, concluía Franco de Lacerda:
"Cumpre, pois, ao governo da União e aos dos Estados cafeeiros estudar seriamente a situação em que se acham as suas finanças e procurar, na valorização do café nos mercados consumidores, o remédio para solução da crise que ameaça tudo desmoronar no nosso país. Podemos assegurar que a valorização dos preços do café é possível, desde que se estabeleça uma organização comercial que metodize as entregas para o consumo e sustente os estoques disponíveis, tomando, também, outras medidas conjuntamente. Com a valorização dos preços do café, entraremos firmemente em uma nova fase de prosperidade geral."
As citações de Franco de Lacerda, nome hoje esquecido, são necessárias, porque suas ideias pioneiras correspondem com precisão ao grande movimento que envolveu planos, interesses e especulações e que, sob a égide do Convênio de Taubaté, tanto significou na vida brasileira, até a Primeira Guerra Mundial.
Outro nome que deve ser mencionado, como precursor da campanha de valorização, é o do político paulista Alfredo Ellis, o qual, sentindo as dificuldades que atravessava a lavoura do seu Estado, deixou-se visivelmente conquistar pelas doutrinas de Franco de Lacerda. Finalmente, o presidente de São Paulo, Jorge Tibiriçá, a cujo arrojo e tenacidade se deveu a execução da política valorizadora, era outro adepto fervoroso das doutrinas daquele economista.
Alfredo Ellis, desde antes de 1900, ocupava-se obstinadamente com os assuntos do café. Viajara pela Europa, e pelos Estados Unidos, estudando os mercados consumidores. Sua experiência lhe ensinara a verdade que muitos ignoravam, ou fingiam ignorar, ou seja, que a queda dos preços não provinha só do excesso de produção, mas da especulação dos intermediários. Dada a falta de organização bancária interna, e a inexistência de um verdadeiro crédito agrícola, as casas exportadoras de Santos, ligadas a bancos estrangeiros, compravam o café na fase da colheita, forçando ao máximo a baixa de preços (o que era fácil nos anos de boa safra), estocavam