o produto e deixavam-no fluir lentamente, sem alterar os preços do consumidor. Assim, quando a colheita era pequena, a pressão altista não se fazia, por causa dos estoques remanescentes. E a situação chegou ao ponto de, no governo Rodrigues Alves, o preço da produção ser maior do que o da venda nos mercados de consumo, devido à alta do câmbio.
Alfredo Ellis descreve a desdita dos fazendeiros estrangulados pelos trustes, empregando esta mesma palavra. Refere-se a uma circular que havia lido, distribuída por uma forte firma de Nova Iorque, a qual informava que continuaria a forçar a baixa do café no mercado produtor. Culminando a série de discursos que vinha fazendo, desde o período de Campos Sales, em defesa da lavoura paulista do café, Alfredo Ellis, a 1.° de julho de 1903, apresentou ao Senado projeto de um só artigo, que dispunha: "Fica o governo autorizado a promover os meios de defender e valorizar o café."
Pouco antes das negociações do convênio, um homem de negócios de São Paulo, Conde Siciliano, ofereceu um plano para melhoria da situação do café. O plano baseava-se essencialmente no monopólio da exportação por um sindicato, a ser formado como uma espécie de empresa pública, e pela valorização do produto por meio da compra de estoques, através de uma taxa-ouro. Essas ideias, muito debatidas, do chamado "projeto Siciliano", influíram no convênio.
A única solução natural, o crédito ao produtor em condições vantajosas, não era viável pela descapitalização interna. A solução preferida foi o artifício da valorização, mediante crédito externo. E foi nesse rumo, preparado, além de outros, por Franco de Lacerda, Alfredo Ellis e Siciliano, que veio se atirar impetuosamente o presidente de São Paulo, Jorge Tibiriçá.
Dessa forma instalava-se no governo de São Paulo uma teoria financeira e econômica oposta àquela que norteara a ação do governo Campos Sales e cuja continuação o presidente campineiro considerou elemento essencial, como vimos, para a indicação do seu sucessor. Releva notar, também, que Rodrigues Alves, ao aceitar a indicação de seu nome, havia se manifestado de acordo com a orientação do seu antecessor. Assim, a posição oficialmente declarada do seu Estado natal chocava-se com as suas convicções e com os seus compromissos de candidato.