Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

Já se começava a pensar no futuro ministério, e, apesar da discrição de ambos os presidentes, é possível que pelo menos certos rumos gerais, sem menção de nomes, houvessem sido assentados.

CAPÍTULO SEGUNDO

A constituição do ministério — Alternativas na saúde do presidente.

Em julho, Rodrigues Alves retornou a Guaratinguetá. No dia 17 Altino foi visitá-lo. Conversaram já, francamente, sobre o ministério em perspectiva. Rodrigues Alves confessava as dificuldades em que se encontrava. Para o Exterior, o nome já estava escolhido; seria Domício da Gama. Quanto à pasta da Fazenda, sua decisão era também firme: iria chamar o velho amigo e ilustre homem público que era Amaro Cavalcânti. Na Viação, ele, no fundo, desejava recolocar Lauro Müller, que fora o grande ministro da pasta no seu primeiro governo. Mas receava que a situação internacional não lhe permitisse tal passo. Por isso mesmo imaginava entregar a Lauro um posto de menor relevo, a prefeitura do Rio de Janeiro, cidade para cuja transformação havia tanto contribuído. Não sabia quem colocar na Viação. Pensara no Deputado Otávio Mangabeira, mas receava resistências do seu amigo Seabra. O ministério do Interior ficaria muito bem nas mãos de Epitácio Pessoa, que tanto se destacara nos recentes eventos políticos. O problema era a Viação, pasta para ele importantíssima. Quem iria colocar nela? Altino falou vagamente em Raul Soares para a Agricultura, pasta residual. Vê-se bem que seus intuitos eram restritivos quanto a Minas. Achava, também, que o presidente devia ter um amigo paulista, companheiro leal, que fosse seu informante íntimo dentro do governo. Rodrigues Alves concordou, e pediu-lhe que conversasse com Álvaro de Carvalho a respeito.

Mas as coisas não estavam fáceis, nem mesmo dentro do governo paulista. No dia 19, Cardoso de Almeida declarou-se contrário à entrega da Fazenda a Amaro Cavalcânti (sem indicar sucessor) e também à da Justiça a Epitácio. Parecia não querer nortistas em postos-chaves. Achava que a pasta política devia ser ocupada por Washington Luís.

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