Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

advertira a opinião em declarações públicas. Os amigos e o país iludiam-se sobre as suas possibilidades. A escolha, em 1918. fora ''uma aclamação nacional"; fora muito mais autêntica do que a indicação unipessoal de Campos Sales, em 1902. Mas, então, ele era o homem do futuro e agora, força é reconhecê-lo, era o homem do passado. Foi precisamente o eco do seu passado que o tornara, por equívoco, o homem do presente. Ninguém era culpado. Tratava-se de uma dessas infidelidades da História ao destino das nacionalidades.

Em fins de setembro, Oscar voltou a Guaratinguetá, e ali ficou retido, pela enfermidade do pai. Tudo indicava que o quadro ia se agravando. A debilidade geral do enfermo ia se mostrando insuscetível de recuperação. Mas suas melhoras súbitas espantavam os próximos e os que dele se aproximavam ocasionalmente; seu estado inspirava apreensões. A 12 de outubro o Jornal do Comércio publica uma entrevista sua, dada dois dias antes a um jornalista que o visitara em Guaratinguetá e o encontrou na melhor disposição. Conversaram sobre a plataforma de governo, lida um ano antes no Clube dos Diários e Rodrigues Alves ratificou e ampliou os planos de governo ali contidos, que exprimiam suas antigas ideias e vividas experiências. Repetiu os conceitos sobre as finanças públicas, sobre industrialização, ajuntando reflexões sobre os novos problemas que surgiriam com o fim próximo da guerra. Quanto ao futuro ministério, nada adiantou; só o faria quando o tivesse organizado.

O estado de saúde do Conselheiro continuava em declínio, sem apresentar melhoras sensíveis. Por cúmulo da infelicidade, a peste terrível causada pela guerra, a chamada gripe espanhola, invadira já o Brasil, onde a devastação foi tremenda.(2) Nota do Autor

O mês de outubro foi pior. A capital da República, revestiu-se de aspectos de tremenda dramaticidade, que superavam de longe as experiências da febre amarela, da varíola e da cólera, vividas no século XIX. Naquele outubro de 1918, o noticiário dos jornais era quase todo absorvido pela epidemia que devastava a cidade. Afora os telegramas internacionais, sobre a guerra que findava, ou os anúncios, em quase todo o resto, inclusive as notas sociais, que versavam o estado de enfermos conhecidos, as mortes, os enterros e as missas, os jornais só falavam

Rodrigues Alves - Tomo 2 - Página 838 - Thumb Visualização
Formato
Texto