Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

o mérito principal do seu êxito administrativo. Com efeito, o governo Delfim, segundo lembrava João Mangabeira, era chamado entre os deputados "a Regência Republicana".

Altino não parece ter gostado das escolhas. Não manifesta, no seu diário, nenhuma restrição quanto aos nomes, mas é claro que se sentia posto à margem das negociações. No dia 12, escreveu que "ficara assentada a nomeação de Urbano Santos para o Ministério do Interior e do Afrânio de Melo Franco para o Ministério da Indústria [sic]".(9) Nota do Autor Altino limitou-se a responder que "estava tudo muito bem". Mas, em particular, anotou que os próceres paulistas achavam que a organização do governo federal estava se fazendo com descaso para São Paulo. Altino concordava com isso, pois ajunta que as suas "mágoas não interfeririam nas suas relações e apoio" a Rodrigues Alves.

Os paulistas pareciam esquecer-se do abandono em que haviam deixado o presidente enfermo, abandono duramente manifestado pela dupla recusa de Cardoso de Almeida e provável recusa de Washington Luís.

No dia 15, Delfim tomou posse como vice-presidente em exercício. Ele é que assinou os decretos de nomeação dos ministros, obedecendo em tudo às indicações feitas por Rodrigues Alves. O meio político permanecia inquieto e na ignorância do verdadeiro estado de coisas. Espalhava-se, com ajuda da imprensa (e o Imparcial, então órgão vermelho do ruísmo, era o intérprete mais vivo dessas notícias) que o presidente eleito não poderia, de nenhum modo, exercer a suprema magistratura da República.

A posse de Delfim Moreira deu-se em sessão solene, no Senado, presidida pelo Senador Antônio Azeredo, vice-presidente daquela casa. Delfim foi introduzido por uma comissão composta dos Senadores Epitácio Pessoa, Índio do Brasil e Jerônimo Monteiro, e Deputados Estácio Coimbra, Vespúcio de Abreu e Álvaro de Carvalho. (Este último só tomou posse de sua cadeira de senador a 14 de dezembro.) Nos termos da Constituição, Delfim Moreira prestou o compromisso constitucional perante os membros do Congresso, que se encontravam de pé, e as demais pessoas presentes. A sessão, embora formalmente solene, foi rápida, sem discursos e parecia destituída de interesse.

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