Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

da vida em que um Thiers, um Bismarck ou um Churchill se encontravam em pleno gozo das energias físicas. Seu organismo encontrava-se gasto, e as indicações vinham desde 1913. Um lustro depois o estado geral havia piorado muito.

Prova inquestionável da gravidade da situação estava na comunicação confidencial de Álvaro de Carvalho a Altino, no dia 24 de novembro. Não havia, fora o círculo dos filhos, ninguém mais afeiçoado a Rodrigues Alves do que Álvaro de Carvalho, e ninguém poderia ter mais interesse do que ele em que o Conselheiro exercesse o seu mandato, pois o líder político de maior relevo no quatriênio seria, sem dúvida, o futuro senador por São Paulo.

Mas Álvaro, sempre generoso e afetuoso, colocava sua amizade acima de quaisquer outras considerações. Foi por isso mesmo que, no referido dia 24, aconselhou secretamente a Altino que se fizesse sentir a Rodrigues Alves a conveniência de sua renúncia. A grave diligência, segundo Álvaro, deveria ser levada a termo ou pelo próprio Altino, ou pelo médico assistente, Matias Valadão, em quem o Conselheiro confiava como amigo.(11) Nota do Autor

Altino recusou energicamente participar daquela démarche, apesar do argumento de Álvaro de que ela lhe cabia, como principal responsável pela eleição de Rodrigues Alves. O fato histórico incontestável é, no entanto, que nove dias depois da posse do vice-presidente, o maior eleitor e o maior amigo do presidente estavam quase certos do fatal desfecho.

As más notícias, como sempre, se espalhavam. Bernardes, de Belo Horizonte, sentia qualquer coisa no ar. Seu interesse no momento era visível, pois morto ou renunciante o Conselheiro, o nome dele, Bernardes, devia surgir entre os candidatos. E ele, que percebia não ter chegado ainda a sua hora, não queria, evidentemente, deixar de influir na sucessão, de maneira que lhe fosse favorável no quatriênio seguinte. Assim era, assim é, assim será sempre a política, em qualquer regime em que a sucessão não seja dinástica. O fato é que Bernardes mandou a São Paulo o seu amigo Carvalho de Brito, para se informar sobre as notícias que corriam, especialmente sobre a que propalava a existência de desentendimento entre Rodrigues Alves e Altino Arantes.

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