Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

devido à formação do ministério. Altino, de fato, queixara-se a Elói Chaves sobre a maneira pela qual estava sendo formado, sem consulta prévia ao governo do Estado, mas declarava que preferia renunciar à presidência de São Paulo, do que divergir publicamente do presidente eleito.

Rodrigues Alves, não conhecendo bem a gravidade do seu estado de saúde, nem desconfiando do ponto a que haviam chegado, no meio político, as notícias a respeito, continuava, apesar da extrema fraqueza, a se esforçar em Guaratinguetá pelo cumprimento dos seus deveres políticos. Aquele velho às portas da morte, parecia não se aperceber de que ela se aproximava, com seus passos implacáveis. Até o momento supremo, em que se abriu ao confessor sua alma diante de Deus, seu pensamento e sua ação foram pela pátria, pela árdua missão que, nas suas próprias palavras, tivera "a fraqueza" de aceitar.

Mal se sentia com um pouco mais de forças e continuava a agir.

A 3 de dezembro escreveu a Rui, convidando-o para representar o Brasil na Conferência da Paz.(12) Nota do Autor

No dia 6 escreveu a Altino, pedindo-lhe que convidasse o prestigioso paulista Pádua Sales para o Ministério da Agricultura, que ainda não tinha sido preenchido. Pádua Sales aceitou.

No dia 8, Altino foi a Guaratinguetá, e surpreendeu-se com o estado do Conselheiro, que o recebeu "com a maior cordialidade", juntamente com o filho José e as filhas solteiras, que nunca o deixavam. Conversaram largamente, e Rodrigues Alves deu lúcidas opiniões sobre o momento. Pensava em Vespúcio de Abreu para presidente da Câmara, "como sedativo às cóleras gaúchas". Achava que, indo Álvaro para o Senado e passando Cincinato para a dissidência, o líder da bancada federal paulista devia ser Carlos de Campos. Era, talvez, uma homenagem ao sempre saudoso amigo Bernardino, de quem Carlos era filho. Discutiu vários assuntos econômicos e financeiros. Comentou o problema da Conferência da Paz e o convite feito a Rui. Entrou em pormenores que davam bem a impressão de como se iludia sobre o futuro, aquele homem que se encontrava a cinco semanas da morte. Falando de Gastão da Cunha, seu amigo dedicado no primeiro governo, que tinha

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