entrado definitivamente para o corpo diplomático, Rodrigues Alves disse a Altino que ia enviá-lo como embaixador no Vaticano. E tão claros estavam sua memória e seu raciocínio que logo acrescentou que, no fim do seu quatriênio, Gastão devia estar se aposentando e que então ele, presidente, enviaria Altino para a Santa Sé. Altino, católico e homem de bom gosto, apressou-se a dizer que aceitava "pressuroso" o convite presidencial.
Durante todo o dia, o Conselheiro conversou com vivacidade, assistido de perto pelas filhas Marieta, Zaíra e Isabel. Altino, de volta, tomou notas minuciosas da jornada.
O fato é que se tratava de um momento favorável da periclitante situação de alternativas. Em fins do mês de dezembro, o estado de Rodrigues Alves piorara tanto, que já parecia sem esperanças.
CAPÍTULO TERCEIRO
O último encontro e o último desencontro
As relações entre Rui Barbosa e Rodrigues Alves, vimo-lo através de todo este livro, foram uma história de encontros e desencontros sucessivos.
Na Faculdade davam-se bem, mas Rui era liberal e Rodrigues Alves conservador. Deputado geral no Império, Rodrigues Alves deu dura resposta a ataques de Rui, a quem no entanto votava então, como sempre, irrestrita admiração intelectual. Ministro da Fazenda de Floriano e Prudente, coube-lhe lançar as bases da política deflacionária, em contradição com a política financeira de Rui, quando ministro de Deodoro. Senador, foi líder de Campos Sales, que Rui atacava. Presidente da República, teve a honra raríssima de uma declaração de solidariedade irrestrita, em discurso de Rui, mas, depois, sofreu os duríssimos ataques da campanha da vacina e foi vítima do Bloco, no qual Rui se acamaradou com Pinheiro Machado. Em 1909, foi honrado com o apelo de Rui a candidatar-se, antes que este empreendesse a sua formidável campanha. Em 1912, sua eleição para São Paulo foi saudada por Rui como um evento nacional, e ele respondeu afetuosamente. Em 1913, repetiu-se o convite de Rui para a candidatura presidencial. Em 1917, veio sentar-se ao lado de Rui e votar com ele pela declaração de guerra, que antes considerara inoportuna, como em 1888, quando veio votar