Os argumentos dele eram capciosos ou de uma fragilidade de pasmar.
Como poderia Rodrigues Alves ser responsável pela vária do Jornal do Comércio de 24 de novembro, dia em que o seu estado de saúde era tão grave que foi o escolhido por Álvaro de Carvalho para prevenir Altino da necessidade de sua renúncia? Que podia ter o velho presidente, pregado na sua cama em Guaratinguetá, com o boquejar ocioso da imprensa carioca, que dizia ser Rui subordinado de Domício?
Afonso Pena tinha convidado Rui com três meses de antecedência. Mas Afonso Pena era, em 1907, o presidente em exercício e poderia fazer o convite com plena autoridade do cargo. Rodrigues Alves nem chegou a tomar posse a 15 de novembro, e nós, que pudemos assistir à representação do drama de dentro dos bastidores, sabemos bem o que estava sendo a sua vida de enfermo, na cidade em que morava. A declaração de Rui, de que o convite podia ter sido assentado previamente, em combinação com Venceslau, mostra de um lado a sua vaidade, de outro a falta de informações sobre os fatos, deficiência que o levou tantas vezes a dizer coisas irrefletidas.
Rodrigues Alves estava em palpos de aranha para formar o seu próprio governo, a linha primeira dos seus auxiliares, os seus ministros, e nem chegou a indicá-los todos antes de 15 de novembro. Que justiça podia haver na incriminação de não ter tido tempo, nem cabeça, para chamar o grande homem para uma comissão eminente, mas que não tinha a data fixa de 15 de novembro?
O episódio mostra somente que Rui, informado, como todo o meio político, de que Rodrigues Alves não governaria, pela renúncia ou pela morte (coisa de que o próprio presidente ainda não tinha certeza), recusou-lhe o apoio pedido em favor da nação e da República. O papel de Rui é do político, naquela cruel acepção de que "política não tem entranhas". Afastado do Brasil, morto ou renunciante o presidente inválido, abriam-se-lhes as portas douradas da sucessão. E longe, sem poder manobrar, colher a flor do seu prestígio, levantar sua velha espada de combate...
Contou-me meu pai, então a principal figura do novo governo, o fato muito conhecido do pedido de Rodrigues Alves a Delfim para uma gestão direta junto a Rui Barbosa, numa tentativa para que este afinal aceitasse a missão. Esta é, tanto quanto me lembro, a versão de meu pai; em uma das visitas periódicas