Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

que fazia a Rodrigues Alves, em Senador Vergueiro, depois que este veio de Guaratinguetá, esperançoso de se recuperar, Delfim ouviu do presidente o pedido para que fosse pessoalmente, como presidente em exercício, solicitar a Rui Barbosa a revisão da sua negativa. Delfim, entre cujas notórias carências não estavam nem certo bom senso, nem sentimento de pundonor, recusou aceder ao pedido do Conselheiro. Este reiterou-o: "Eu mesmo iria, Dr. Delfim, se estivesse em condições de sair de casa." Ao que o mineiro redarguiu com esta resposta admirável: "Conselheiro, se o senhor subisse as escadas do Rui estaria subindo, mas eu, se fizesse o mesmo, estaria descendo." Rodrigues Alves (é sempre como meu pai me contou), espantado ante o ajuste da ponderação, indagou: "E que pensa fazer agora, Dr. Delfim?" Aí o vice-presidente deu uma resposta bem inesperada, repetindo a frase popular: "Sr. Conselheiro, sinto muito, mas chorar não posso."

Rodrigues Alves não pôde deixar de rir, debaixo do cavanhaque. E, prosseguia meu pai (talvez informado por Álvaro de Carvalho), que passou a repetir a frase de Delfim, a propósito das lamúrias de Rui: "É isto mesmo; sinto muito, mas chorar não posso..."

Com suas razões em parte ressentidas e em parte maliciosas, esse último desencontro entre os estudantes de 1868, que encheram com seus nomes as páginas da Primeira República, só foi prejudicial a Rui Barbosa. Trata-se de uma sucessão de episódios, em que a parte pior do seu temperamento e personalidade muito contribuiu para o seu próprio prejuízo.

O desastrado manifesto de 1917, além de exibir-lhe o total isolamento político, trouxe à tona o nome de Epitácio, orador da Convenção de junho e crítico daquele documento.

O notável discurso de Epitácio levou-o a ser novamente o orador na noite do lançamento da plataforma de Rodrigues Alves, e atraiu naturalmente, para o seu nome, as honras de chefe da delegação à Conferência da Paz.

Atendendo mais uma vez a Rui, Rodrigues Alves não quis que fosse Domício da Gama o substituto do grande baiano.

Em dezembro, Rodrigues Alves já mandara convidar Epitácio para ser, como subordinado de Rui, delegado à Conferência da Paz. Epitácio aceitou, em princípio, condicionando sua ida à concordância do chefe da embaixada. Ambos estavam certos. Não podia ir contra a vontade de Rui, que não tinha por que ser contra. Mas Rodrigues Alves, por seu lado, tinha

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