Devemos a localização deste trabalho de C. C. Copsey, à indicação da Chefe da Seção de Iconografia da BN, D. Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha, quando de nossas pesquisas sobre Ouro Preto. Registramos aqui nossos agradecimentos.
Esta aquarela é de tamanha relevância, no conjunto arquitetônico de Ouro Preto, que pedimos permissão ao leitor para, fugindo ao assunto principal deste ensaio, transcrever o parecer abaixo, de autoria do ilustre arquiteto Paulo Ferreira Santos, a nós gentilmente encaminhado.
"COMENTÁRIO SOBRE A AQUARELA DE C. C. COPSEY
Pela situação da Matriz de Antônio Dias, que aparece vista pela retaguarda, e a da capela, que, ao contrário, se apresenta de frente — os dois frontispícios se defrontando um ao outro —, parece certo, como notou Canabrava, que se trata da capela de Nossa Senhora das Dores. O fato de o frontispício que aparece na aquarela diferir do existente, não é motivo para que se afaste essa interpretação, porque o primeiro, com o interessante alpendre à frente, poderia ter sido o primitivo do século XVIII.
E sendo assim, o pormenor, que aparece em ínfima escala na aquarela, tem importância para conhecimento da arquitetura religiosa de Minas Gerais em geral, de Ouro Preto em particular. Nesta cidade, não se tem notícia de ter havido um tipo de capela com alpendre. Esse partido, pouco comum, era no entanto encontrado no Brasil (Capela de Socorro, Bahia; a de Nossa Senhora da Conceição, também na Bahia; a do Bonfim, na Guanabara; etc.). Aqui mesmo, em São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro, a dois passos da Guanabara, existe a capela da lindíssima casa da Fazenda do Colubandê, que é de princípios do século XIX e tem à frente esse prático e simpático apêndice.
O aquarelista estaria habituado à representação de formas arquitetônicas, porque as da Matriz de Antônio Dias aparecem nas proporções certas e o coroamento das torres é interpretado com muita sensibilidade e penetração pouco comum, o que leva a admitir que idêntica sensibilidade tenha havido na representação da Capela de Nossa Senhora das Dores; e é o que dá ao documento significação que transcende a do documentário comum.