D. Pedro

Jornada a Minas Gerais em 1822

ao clamor dos aplausos, a adesão ruidosa dos milicianos de espada à cinta, dos padres paramentados para o Te-Déum, dos magistrados que redigiam as Atas de respeitoso acolhimento, dos velhos fazendeiros, inconciliáveis com a desordem instalada nos conselhos do governo, em Vila Rica. Do Paraibuna a Ouro Preto, a vitória do princípio da independência na unidade nacional, contra a resistência e a inconformidade no quadro regional. É a "jornada" espantosa às Minas Gerais que Eduardo Canabrava Barreiros retraça e reproduz, com verdade palpitante. Melhor do que isso. Com o conhecimento incomparável do roteiro. O autor torna-se guia. O que neste volume se ensina, é a forma antiga, no trajeto primitivo, de ir e vir das Minas. Retrocede-se à época dos tropeiros, pelas ínvias ladeiras que as isolavam no seu mundo barroco, de jazidas esgotadas e igrejas magníficas; com a vantagem de lhes seguirmos as pegadas, de pouso em pouso, identificando (meritório trabalho de reconhecimento topográfico) as casas-grandes, os povoados à beira da estrada, lugares mesquinhos que se transformariam em cidades. Tem-se a sensação de acompanhar o régio viajante no "itinerário" formidável. Sendo na realidade o da emancipação, era, em suma, o do Brasil brasileiro.

Na aparência, foi o Príncipe submeter à legalidade que personificava, a tímida rebelião da junta de Ouro Preto. De fato, o que a viagem representa, é a integração nacional, simbolizada e vivida pela aliança da Capital e do sertão, em que a monarquia, no seu esboço, promete consolidar a Pátria, na sua grandeza. "Jornada" fascinante, e romântica. É o capítulo da história da Independência que a erudição e a tenacidade do geógrafo magistralmente converteu num passeio ameno pelos ásperos, pelos longos, pelos memoráveis caminhos das Minas Gerais.

Rio de Janeiro, 8 de outubro de 1973.

D. Pedro - Prefácio 13 - Thumb Visualização
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