compreender-nos, situando-nos como povo ainda em caminho de seu próprio contorno, mas já consciente das fabulosas possibilidades de futuro que nos aguardavam, diante precisamente dessa natureza exuberante, a primeira a nos convidar a multiplicar e a tirar partido das referidas possibilidades, excogitando as novas condições de vida no tempo e no espaço, ao alcance de nossa mão.
Nesse sentido, não podemos deixar passar despercebido o papel decisivo que a leitura do livro teria despertado entre os homens da City de então, que, apesar do mau sucesso das primeiras experiências de colonização inglesa no Paraná, não deixaram de se interessar por novos e mais amadurecidos empreendimentos, a exemplo do que viria a ocorrer algumas dezenas de anos depois com a vitoriosa e esplendorosa colonização de Londrina, a cuja frente se encontrava esse Lord Lovat, acerca de cujas curiosidades no plano intelectual tão pouco se sabe, mas que deveria ter sido, nos tempos de moço, pelo menos, leitor apaixonado de Bigg-Wither.
Que o seu livro deve ter tido ampla difusão na Inglaterra, parece não haver dúvida. O autor não era nenhum ilustre desconhecido. Basta a apresentação do livro por um editor como John Murray, da Albemarle Street, para dizer já alguma coisa, que a biografia do Prof. Newton Carneiro inserida a seguir corrobora.
É preciso ainda lembrar que o gênero do livro - uma espécie de narrativa de viagens e aventuras em regiões inexploradas - gozava do maior prestígio entre os leitores ingleses da época, a do reinado do romance, onde pontificava, ao lado de George Meredith, o nome de Thomas Hardy, que gozava em alta conta dos sufrágios de grande parte dos vitorianos. Um dos romances que mais notoriedade lhe deram foi certamente Tess of the D'Urbervilles, publicado em 1891, portanto treze anos depois do livro de Bigg-Wither, cuja leitura o devia ter impressionado profundamente, a ponto de nesse romance, que traz um subtítulo bastante provocador, o de "Uma mulher pura", não hesitar o romancista em mandar para o Paraná Angel Claire, uma das personagens importantes do livro, que veio a participar das amarguras e decepções de seus patrícios na colônia inglesa do Açungui, a 60 quilômetros de Curitiba, sob as agruras de um clima tropical ou quase de todo tropicalizado pela densidade de suas chuvas, a exuberância de sua vegetação e todos os padecimentos dele advindos e de que acabou sendo vítima um emigrante nórdico, acostumado a aquecer as mãos e o corpo ao calor do fogo aceso na lareira, sem nenhuma ameaça de aceleração do pulso e aumento de temperatura, sem falar na erupção cutânea caracterizada por pequenas vesículas que o estado de umidade quente do ar chegava a provocar tantas vezes naquelas paragens