O Governo Castelo Branco

pois a guerra tudo revolveria. Como adivinhar, porém, que seria ele, no Brasil, o grande responsável por uma revolução que mudou o país?

Não houve setor da vida brasileira que não experimentasse a ação enérgica, por vezes obstinada, do denodado reformador, que semeou, para o futuro. Em tudo ele punha a alma e o entusiasmo do idealista que buscava vencer e corrigir os erros do passado. Na economia, nas finanças, na ordem social, na estrutura administrativa, na organização política, ele deixaria a marca do estadista empenhado na construção de uma nova sociedade. Para consegui-lo foram numerosos os percalços, as lutas, os sofrimentos. Nada, entretanto, lhe arrefeceria o ânimo ou lhe deteria os passos. Ao longo de três anos, infatigável, determinado, consciente da sua laboriosa missão, Castelo Branco mudaria a fisionomia do país, restituindo a ordem, restaurando o crédito, implantando o planejamento, iniciando o desenvolvimento, e legando uma estrutura social menos injusta, sob a égide de organização política democrática.

O vigor com que restabeleceu a dignidade do cargo não o impediu de ser humilde, capaz de ouvir e reformular as próprias opiniões. Percebia-se, porém, orgulhar-se da estima e do acatamento dos colaboradores, para os quais se fizera chefe admirado, do mesmo modo que, senhor do novo ofício, se tornou um Presidente cheio de naturalidade, conhecedor da exata medida a ser posta em cada ato. Numa palavra, um grande Presidente, certamente o maior que a nação já conheceu. Dispondo de mandato muito breve, e que desejou até tornar menor, para que não o acoimassem de querer perpetuar-se no poder, muitas vezes precisou lutar contra o tempo, a fim de concluir tarefas a que se propôs. Não admitindo impor-se pela força e sim pela persuasão, conquistando prosélitos em muitas oportunidades, despendeu esforço quase sobre-humano para contornar dificuldades, vencer incompreensões, alcançar o apoio necessário à efetivação das suas decisões. Nessas ocasiões ele se agigantava; os obstáculos como que o estimulavam.

A carreira militar, na qual se distinguiu pela ação de comando e pelos conhecimentos técnicos, profissionais, em missões diversas de ensino, proporcionou-lhe observar os problemas nacionais. Sobre eles meditara com interesse igual ao que punha na análise de pessoas, das suas virtudes e fraquezas, que por vezes resumia na síntese de uma frase de ironia. Habituara-se assim a pensar sobre o Brasil, os seus homens e os seus problemas, para afinal chegar à Presidência com adequada soma de conhecimentos.

Acreditamos emergirá aqui a figura do homem de Estado, incansável no empenho de restaurar moral e materialmente o país. Um país que recebera devastado pela mais grave crise política, social, econômica e financeira da sua história, e que entregou colocado no caminho do progresso e da segurança. Fê-lo - nisso também fiel à sua

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