Escravidão Negra em São Paulo

Um estudo das tensões provocadas pelo escravismo no século XIX

Esendo lhe perguntado na Petição retro do Promotor do Juizo Joaquim Jose Soares de Carvalho, que toda lhe foi lida, e declarada.

Disse que na averiguação a que procedera seu Irmão o sargento Mór, Antonio Francisco d'Andrade, tendo elle testemunha levado o seu escravo de nome Miguel monjolo, ouvira a este dizer, que hum escravo de Joaquim dos Santos de nome Marcelino tropeiro tinha relações com o joão Barbeiro rezidente na cidade de São Paulo, e que delle recebia insinuações para o motim que intentavão, e ouviu dizer mais ao mesmo escravo, que em caza do dito Santos havia outro escravo de nome Diogo dezignado caixa que recebia dinheiros de varios escravos com o fim de ser applicados para feitiços, ou couza de semelhantes enganos, e declarou que ouvira dizer ao mesmo escravo, que tinhão certa consulta entre elle, e hum de nome Miguel Monjolo, e outro de nome Francisco Monjolo, e que havia de ser em casa do escravo Bento Monjolo escravo do capitam mór Floriano, e que entam he que havia de saber o que te então elle ignorava, e que hé o que sabe elle testemunha, e que o mais saberá seu Irmão Major Andrade que he o que se havia incarregado destas averiguações, emais não disse.

Elido o seu depoimento, pelo achar conforme assignou com elle Juiz.

Eu Manoel Francisco Monteiro Escrivam de Paz o escrevi = Cunha Teodoro Francisco de Andrade =

TESTEMUNHA

Manoel Jose do Amaral homem Pardo solteiro, natural da villa de Parnaiba de idade de quarenta annos morador desta, que vive de seu officio de carpinteiro Testemunha jurada aos Santos Evangelhos em hum Livro delles em que pos sua mão direita sobcargo do qual prometeu dizer a verdade que soubesse eperguntado pelo contheudo na petição retro do Promotor do Juizo Jose Soares de Carvalho que toda lhe foi lida e declarada.

Disse que achando-se trabalhando pelo seu officio de carpinteiro no sitio do Ajudante Jose Franco de Andrade ao tempo que se achava ahi o mesmo Ajudante, o Sargento mor Andrade, e o Alferes Teodoro Francisco de Andrade ocupados na averiguação da suspeita que havia dos escravos, ouvira epresenciara a hum dos escravos em confição dizer que da cidade de São Paulo dirigia o preto João Barbeiro pelo Marcelino escravo de Joaquim Jose dos Santos sobre que os escravos devião fazer, e que mais não sabe por que estava distrahido com as occupações de seu officio, emais não disse.

Elido o seu depoimento, pelo achar conforme assignou com elle Juiz.

Eu Manoel Francisco Monteiro Escrivão de Paz o escrevi = Cunha = Manoel Jose do Amaral =

CONCLUZAM

Elogo no mesmo dia mez e anno declarado no auto acima fez concluso o prezente Processo ao Senhor Juiz de Paz Jose da Cunha Paes Leme, para despachar conforme seu merecimento.

E para constar fiz este Termo de concluzão. Eu Manoel Francisco Monteiro Escrivam de Paz o escrevi. Conclusos.

SENTENÇA

Procede o auto de corpo de delito; sejão recolhidos, ou retidos na cadeia os escravos indicados delinquentes que te agora se achavão prezos por diligencias de seus Patroens ou Senhores, eprocigão-se os termos do processo conforme

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