ordens dodito João Barbeiro, e que breve esperavão a ordem delle para declararem atodos os negros, para que era o fim que fazião as suas cessoens de noite, que era pelo tal negro que andava pela cidade e que lhe declarava mais que pertendião ser forros matando aos Brancos, e que confessara ter trez zagalhas n'um porango, e que lhe forão dadas já da outra vez, e que esta courelação do tal João Barbeiro que era por todas as partes e mais não disse. Elido o seu depoimento pelo achar conforme assignou com elle Juis de Paz.
Eu Manoel Francisco Monteiro Escrivão de Paz o escrevi
CONTINUAÇÃO
Nesta occazião declarou mais elle testemunha, que lhe dissera João Ilhéo que o tal João Barbeiro teve dous negros delle testemunha apoiados em sua caza que lhe andarão fugidos nove mezes e que de dia, lhe capinavão no quintal e de noite hião vender capim, e que elle Barbeiro mandara a esta villa estes negros pelo Natál, e depois tornarão-se asumir daqui e não sabe ao que vierão, e que os negros só contão que entravão em caza do dito Barbeiro, e conta o dito João Ilheo, que o capitão do Mato lhe contára no Bixiga que fora pegar hum, em casa do dito João Barbeiro, pelo outro que foi pegado o de nome Constantino, emais não disse.
Elido seu depoimento assignou. Eu Manoel Francisco Nonteiro Escrivão de Paz o escrevi = Cunha = Jose Leonardo Pereira =
TESTEMUNA
João Jose da Cunha homem branco casado natural da Ilha Gracioza emorador nesta villa de idade de quarenta e oito annos, que vive de seu negocio, testemunha jurada aos Santos Evangelhos em hum Livro delles em que poz sua mão direita, sobcargo do qual lhe encarregou elle Juis dicesse averdade que soubesse e perguntado lhe fosse pena de encorrer nas da Lei, erecebido por elle testemunha o dito juramento assim oprometeo cumprir.
Esendo lhe perguntado pelo que sabia, respeito ao projecto de insurreição tramada pelos escravos desta.
Disse que achando se elle testemunha na cidade de São Paulo no lugar chamado Bixiga na noite do dia quarta feira da semana passada a hi lhe contara hum capitão do Mato, que naquelles dias havia pegado a dous escravos de Jose Leonardo Pereira e que pegando ao primeiro, este lhe o mostrara, que o outro estava na caza de João Barbeiro, onde trabalhava no quintal de dia, e que de noite hia vender capim, e que de facto elle capitão do mato achara o dito segundo escravo na casa de João Barbeiro e onde o pegara e que o dito capitão do mato, elle testemunha não conhece, e mais não dice.
Elido o seu depoimento pelo achar conforme assignou com cruz por mais não saber.
Eu Manoel Francisco Monteiro Escrivão de Paz o escrevi = Cunha = Cruz de João Jose da Cunha = estava a cruz =
ASSENTADA
Aos dezaseis de Fevereiro de mil oito centos trinta e dous nesta vila de São Carlos, em cazas do Juiz de Paz Jose da Cunha Paes Peme fuievindo para o effeito de escrever os ditos dois testemunhas que sevão a inquirir de baixo desta assentada a respeito do que sabem sobre oprojecto de inssurreição tramada por escravos deste Destricto cujas testemunhas, seus nomes naturalidades idades, qualidade, domicilios, e vidas ao diante vão, e seguem.