Diário e notas autobiográficas

Texto escolhido e anotações por Ana Flora e Inácio José Veríssimo

19 de Agosto. Espero, pois, que consigam a mesma oportunidade os cordiais votos, que agora envio, para iniciarem auspiciosamente o seu 48.° período de existência. Tenho a maior satisfação em comemorar que foi muito fecundo e brilhante o período de 19 de Agosto de 1895 a 19 de Agosto de 1896...

Agora, para o novo período até 19 de Agosto de 1897: — Rursus et ultra... Mais e melhor!

E assim, cheio de recordações, de saudades, imploro com toda minha alma e com o meu coração as bênçãos do Onipotente para o meu muito amado Joaquim Nabuco.

***

(CCVII) 8 de Agosto de 1896.

Meu querido Taunay.

Sua carta de 5 de Julho (n.° 231) veio acompanhada da poética descrição do Réquiem do maestro padre José Mauricio, ouvido pela primeira vez no domingo, 28 de Junho, na redução para piano pelo maestro Alberto Nepomuceno.

Realmente são admiráveis os esforços que, há mais de 20 anos, Você tem feito para salvar do olvido o nome e a glória do predileto maestro do bondoso rei Dom João VI. Muito bem!

O Correio da Manhã de Lisboa em 29 de Julho de 1896 reproduziu o artigo do Liberdade em elogio à imortal Inocencia, precedendo-o de palavras de parabéns ao Visconde de Taunay "que com tanta correção e donaire escreve a língua portuguesa". Oxalá que esses tributos de renome e glória sirvam de conforto e consolação para as inúmeras dores morais e físicas, que atualmente acabrunham o meu bom e constante Taunay.

Enviou-me o prestimoso amigo Rangel da Costa o n.º22 dos Perfis Contemporâneos de Lisboa com o retrato e a biografia do nosso Carlos Gomes pelo poeta Luiz Guimarães. Foi a 8 de Agosto de 1870 (completam-se hoje 26 anos) que travaram amizade no Rio de Janeiro tendo Carlos Gomes chegado pelo paquete "Poitou".

Incluo um extrato da biografia, escrita pelo Dr. F. Quirino dos Santos e publicada no Almanak Literario de S. Paulo de 1880; aí vem descrito um comovente episódio do amoroso Pai do nosso Carlos Gomes.

Tem-me causado a mais dolorosa impressão a leitura de tudo quanto se refere ao conflito da minha mísera Escola Politécnica. Só há uma palavra para explicar essa catástrofe: — expiação.

Diário e notas autobiográficas - Página 438 - Thumb Visualização
Formato
Texto