Mas vamos, meu querido Taunay, reagindo contra a adversidade; procurando esquecer os horrores e as misérias que nos afligem, no trabalho incessante nas forjas ideais do renome, da glória e da imortalidade.
Sempre e sempre.
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27 de Setembro de 1896.
Meu caro Amigo Rangel da Costa.
Tenho presentes suas afetuosas cartinhas de 30 de Agosto e 19 de Setembro escritas ambas da praia de Espinho; no entanto reitero os mais cordiais votos pela conservação de sua preciosa saúde.
Pelas notícias, que teve a bondade de transmitir-me, e pelos jornais fico ciente de continuar o nosso grande amigo Augusto de Castilho em próspera viagem pela Costa Ocidental da África.
Deus o proteja sempre!
É com escrúpulo que refiro-me às tristíssimas notícias da minha mísera Pátria! Crises sobre crises; conflitos sobre conflitos; desgraças sobre desgraças... Apenas terminado o conflito da Ilha da Trindade, aparece o conflito pelas reclamações da Itália com hedionda veemência, vergonhosos escândalos e até cenas trágicas... Só há pedir a Deus compaixão para o Brasil.
São também muito desanimadoras as últimas notícias sobre o meu muito amado Carlos Gomes. Quanto há sofrido!
Agradeço e retribuo com todo o coração as recomendações enviadas por S. Exma. Senhora e mais família.
A morte de Carlos Gomes foi golpe cuja repercussão se manifesta em cartas a quem quer que escreva "a morte só fez acrisolar essa amizade". Cola no registro de Correspondência, retalhos com telegramas relativos à morte, transladação etc. Na Cópia da última carta a Carlos Gomes de 6-9-96, escreveu: — "Restituída".
8 de Novembro de 1896.
Meu querido Taunay.
Mercê de Deus, veio mais animadora sua bela cartinha n.° 242 de Caxambu em 5 Outubro, descrevendo os bons efeitos obtidos com o uso dessas excelentes águas alcalino-gasosas. O bem-estar físico sugeriu-lhe a recordação de nossos íntimos idílios de Petrópolis: Taunay ao piano executando com toda a alma e com todo o coração música de Carlos Gomes; eu aplaudindo apaixonadamente os primores do gênio do nosso predileto Maestro. Ah! Saudosos tempos que hoje relembramos como um sonho paradisíaco...