Que extraordinária energia precisaria para ainda copiar essas cartas!
A última que se encontra é de 29 do mesmo mês e só foi posta no Correio a 2 de Maio, conforme se verifica do recibo de registo.
Meu muito prezado Amigo Niemeyer.
Compungio-me muito sua dolorosa carta de 12 de Abril em resposta à minha de pêsames pelo tristíssimo passamento de seu filho Antonio e narrando o horroroso atentado de que foi vítima o seu querido Alfredo. Mercê de Deus ele encontrou um Pai extremoso e um Irmão admirável, que, durante dois meses de prodigiosa dedicação conseguiram salvar-lhe a vida.
Fico ciente da remessa de simaruba e irei recebê-la no Correio quando me permitirem meus sofrimentos, que infelizmente continuam mais graves e dolorosos super-excitados pela crise financeira. Exatamente a 12 de Abril o British Bank escrevia-me de Londres que suspendia a remessa de meus ordenados pela extraordinária baixa de câmbio e das apólices que servem de caução à minha conta corrente.
Escrevi ao Banco, tanto em Londres como no Rio de Janeiro, para vender as apólices e remeter o produto para Londres, a fim de liquidar o débito conforme estão autorizados pela Procuração. Só no Rio de Janeiro, à vista da taxa de câmbio, cotação das apólices e mais títulos poder-se-à resolver qual o melhor processo para liquidação de conta corrente.
Ninguém mais apto do que o meu amigo para entender-se com o Banco e harmonizar os interesses de ambas as partes.
Antecipando os mais cordiais agradecimentos por mais estes favores assino-me
Sempre amigo muito devotado
Em 16 de Maio o A Noticia dava um telegrama de Lisboa anunciando-lhe a morte por suicídio. Essa notícia tinha chegado a Lisboa por via particular (carta a Augusto de Castilho). Dias após, uma Correspondência de Portugal, por sinal muito mal escrita, diria que "naquela manhã (que parece ser a de 16) fora encontrado no mar um cadáver que se reconheceu ser o de Rebouças".
A própria família, então em São Paulo, soube do fato por via jornalística.
Entretanto, as primeiras novas eram falhas. Outras informações, chegadas mais tarde num telegrama de José Rebouças a José Verissimo (e publicadas nas Várias do Jornal do Comercio do dia 19) precisaram que o corpo fora encontrado a 9 "bem cedo, debaixo de uma rocha íngreme e alta de 60 metros, em frente ao Hotel onde vivia".
