com a demais tripulação para outra nau; a de Vespucci e mais outra demandaram então o porto da Bahia de Todos os Santos, porque do regimento real que o capitão-mor trazia, constava que, se algum dos navios se perdesse, devia endireitar rumo para aquela terra, descoberta na viagem precedente, e aguardar a chegada dos outros. Vespucci ali esperou debalde durante dois meses e quatro dias segundo escreveu em sua carta a Soderini; vendo que não vinha notícia, deliberou correr a costa para o sul até que chegou a um porto, que Varnhagen, fundado no Islario General de Alonso de Santa Cruz, identificou como o do Cabo Frio. Nesse porto ficaram Vespucci e seus companheiros cinco meses, construindo fortaleza e carregando pau-brasil, porque não podiam navegar mais para diante à falta de gente e aparelhos. Vespucci, em sua carta citada, diz que nesse tempo, em companhia de 30 homens, fez uma entrada pela terra a dentro cerca de 40 léguas. Em Cabo Frio deixou 24 homens com mantimentos para seis meses, 12 bombardas e muitas outras armas, fazendo-se então de vela para Portugal rumo nor-nordeste e chegando a Lisboa com 77 dias de navegação, a 18 de julho de 1504, o que quer dizer que deixou o porto brasileiro a 2 de abril.
Os navios de Gonçalo Coelho foram por Vespucci considerados perdidos, "para castigo de sua muita soberba" — acrescenta o florentino; mas assim não aconteceu, porque, conforme verificou Varnhagen, havia também o capitão-mor seguido para o sul depois do naufrágio da capitânia, e, segundo revelações deduzidas de antigos portulanos, se recolhera nada menos que à baía do Rio de Janeiro e ai assentara em terra um arraial, onde não tardaria, pelos próprios índios, em ter