às técnicas rurais, há naturalmente mais lugar para a herança indígena do que na última, onde se abordam atividades que tendem a acomodar-se aos meios urbanos e se tornam, neste caso, cada vez mais dóceis aos influxos externos.
A visão e orientação unitárias a que se sujeita, assim, a matéria deste livro se acham sugeridas, aliás, no seu próprio título. Se o aceno ao caminho, "que convida ao movimento", quer apontar exatamente para a mobilidade característica, sobretudo nos séculos iniciais, das populações do planalto paulista — em contraste com as que, seguindo a tradição mais constante da colonização portuguesa, se fixaram junto à marinha —, o fato é que essa própria mobilidade é condicionada entre elas e irá, por sua vez, condicionar a situação implicada na ideia de "fronteira". Fronteira, bem entendido, entre paisagens, populações, hábitos, instituições, técnicas, até idiomas heterogêneos que aqui se defrontavam, ora a esbater-se para deixar lugar à formação de produtos mistos ou simbióticos, ora a afirmar-se, ao menos enquanto não a superasse a vitória final dos elementos que se tivessem revelado mais ativos, mais robustos ou melhor equipados. Nessa acepção a palavra "fronteira" já surge nos textos contemporâneos da primeira fase da colonização do Brasil e bem poderia ser utilizado aqui independentemente de quaisquer relações com o significado que adquiriu na moderna historiografia, em particular na historiografia norte-americana desde os trabalhos já clássicos de Frederick Jackson Turner.
De qualquer modo seria injustificável a pretensão de aplicar os esquemas de Turner às condições que se criaram no Brasil e se associaram à sua expansão geográfica. O contraste entre as ações e reações dos herdeiros de um