nem o traficante tinha a obrigação de inquirir se se tratara de guerra justa. O que não aprovava decididamente era a captura de negros com enganos, mas também não acreditava fosse, esse, um uso generalizado, porque, a sê-lo, diz, estaria comprometida a consciência do soberano português.(33) Nota do Autor
Las Casas, é certo, tendo aconselhado primeiramente a introdução de negros nas Índias, caiu depois em si, vendo a injustiça com que os tomavam os portugueses. Porque, diz, "la misma razon es dellos que de los índios".(34) Nota do Autor Contudo, a História de las Índias, onde figura essa retratação, apesar de ter circulado logo em manuscritos, só encontraria seu primeiro impressor três séculos após a morte de Las Casas. De qualquer modo, sua denúncia do tráfico e escravidão dos negros não encontrou a larga ressonância que tivera a campanha pela liberdade dos índios.
Mesmo entre os teólogos que seguiram, no essencial, os preceitos tomistas desenvolvidos por Francisco de Vitória no tocante à condição dos naturais do Novo Mundo, haveria, sem dúvida, quem aguasse o vinho, fixando certas situações concretas que ajudavam, ao cabo, a desoprimir os mais escrupulosos. O próprio Luís de Molina, jesuíta, que tendo vivido a maior parte de sua vida em Portugal onde pudera conhecer e denunciar em vivas cores os abusos de muitos caçadores de negros, não andaria longe dessa corrente.(35) Nota do Autor Isso não impede que o esforço de um número nada irrelevante de legistas e teólogos castelhanos ajudasse a iluminar alguns dos mais delicados problemas da colonização. E o fizeram, por vezes, com tamanho denodo, que sua ação doutrinária