índios e, ao menos em parte, dos índios antilhanos, que se aproximavam em muitos aspetos dos brasileiros e não seriam talvez melhores, nem piores, do que estes.(38) Nota do Autor A circunstância da ação prática, ou seja da catequese e defesa do gentio, independer entre os jesuítas portugueses de um bom ou mau conceito que lhes pudesse merecer o mesmo gentio, já serve nitidamente para marcar a diversidade de sua posição.
Não desabona, muito ao contrário, o trabalho de Nóbrega e dos seus auxiliares em prol dos nossos índios, o fato de se desenvolver independentemente (e apesar) das opiniões que a respeito destes puderam formar. Que essa opinião, no caso do fundador da missão do Brasil, estava por sua vez longe de ser-lhes particularmente lisonjeira, não o sugere apenas o Diálogo da Conversão onde, segundo uso frequente, um dos interlocutores pode ter o papel de advogado do diabo, mas ainda vários textos onde ela se exprime sob sua direta responsabilidade.
Escrevendo, por exemplo, ao Padre Miguel de Torres, em 1558, não são mais brandas as palavras com que se refere aos naturais da terra do que as atribuídas ao Irmão Mateus Nogueira no referido Diálogo. "Cruéis e bestiais", são os epítetos que lhes dá, capazes de matar aos que nunca lhes fizeram mal, no que não poupam a clérigos, nem a frades e nem mesmo a mulheres, algumas "de tal parecer, que os brutos animais se contentariam delas e não lhes fariam mal". De pouco servem os benefícios, nem se pode esperar que diante deles essa gente tão carniceira de corpos humanos se incline, afinal, e se abstenha de seus maus costumes. A experiência mostrava, ao contrário, que "se ensoberbecem e fazem piores com afagos e bom tratamento". A prova disso, acrescenta, "é que estes da Bahia, sendo bem tratados, e doutrinados, com isso se fizeram piores, vendo que se não castigavam os maus e culpados nas mortes passadas, e com severidade e castigo se