casas-fortes, mas de fortalezas com que os senhoreávamos e sustentávamos debaixo de nossa obediência".(14) Nota do Autor
Que eram tais expedientes os mais consentâneos com as forças de um pequeno Reino de breve território e escassa população, comparada à de outros países colonizadores, parece fora de toda dúvida. E que era possível tirarem-se grandes vantagens desses processos "realistas", até que outros povos, melhor armados, não se interpusessem valendo-se de recursos inacessíveis à Coroa portuguesa, mostra-o não só o muito que aproveitaram eles à mesma Coroa, mas ainda sua própria persistência, apesar de deverem enfrentar os fatores mais adversos. Ainda em 1726, numa época em que a expansão lusitana se via cercada de todos os lados pela de nações muitíssimo mais poderosas, os mercadores da companhia inglesa das Índias Orientais ainda se mostravam preocupados com o bom êxito dos negociantes lusitanos "que praticam o mais intenso comércio com a costa africana, sem dispor ali de quaisquer fortalezas".(15) Nota do Autor Por onde se vê como não se tinham modificado substancialmente, e agora na África, não mais no Oriente, os meios de que se valiam os portugueses nas terras de ultramar.
Tais circunstâncias não deveriam levar-nos porém a ver a origem desses meios apenas no fato de Portugal dispor, na era dos grandes descobrimentos marítimos e ainda mais tarde, de notável escassez em número de habitantes e em recursos para empreender uma política ultramarina do tipo da que iniciou o império espanhol no Novo Mundo. A desproporção, naturalmente desfavorável aos portugueses, entre as respetivas possibilidades dos dois reinos ibéricos, no tocante à população, tem sido notada por vários autores a propósito de sua atividade colonial, embora tendam em geral a contrastar Portugal com a "Espanha" tomada em bloco, e não apenas com o Reino de Castela. A precisão teria, no entanto, alguma importância quando se considerasse que as terras ultramarinas eram exclusivamente dos castelhanos, e que delas não se excluíam menos os aragoneses e catalães do que outros povos ainda que sujeitos à Coroa espanhola. E esse exclusivismo é notório que o praticavam os castelhanos com muito mais rigor do que os lusitanos, antes da união dinástica entre os dois reinos.
E se, mesmo reduzida a esses termos, a desproporção ainda se mantém apreciável, não é inútil lembrar que para a Espanha,