"capitães", e escolhidos, muitos deles, diretamente pela Comuna, tinham existido desde remotas eras, e não só nas colônias do Mar Negro ou na Crimeia, mas também nas ilhas gregas e ainda na Córsega, subdividida, em 1378 entre seis cidadãos, chamados promiscuamente mahonenses, feudatarii, apalpatores, numa ambiguidade de definições em que se reflete o caráter juridicamente compósito daquela espécie de feudalismo financeiro.(29) Nota do Autor Benedetto Zaccaria, que será almirante-mor de Castela (1291-1294) tivera seu feudo particular em Foceia. Com o tempo, a administração colonial é delegada, entretanto, à Casa di San Giorgio, que se emancipa da tutela estatal num grau que jamais alcançarão os organismos correspondentes suscitados pela Coroa portuguesa: a Casa de Ceuta, depois a da Guiné e a da Índia.
Um pouco diversa é a atividade colonizadora desenvolvida pela república menos individualista e mais tradicionalista de Veneza.(30) Nota do Autor Em alguns casos recorria-se aqui à administração direta dos lugares ultramarinos, mas muito frequentemente preferiu-se a doação de terras a elementos do patriciado. No ano de 1207 saiu de Constantinopla uma expedição sob o comando de Marco Sanudo, rumando para o Arquipélago. O próprio Sanudo apoderou-se de parte das Cícladas, tornando-se Duque de Naxos, ao passo que Andros foi entregue a Marino Dandolo, Tenos e Miconos aos Ghisi, Citera a Marco Vernier, Lemnos a Filocaro Navigajoso, etc. Para todas essas conquistas foi preciso obter-se confirmação da Signoria que deveria dar aos donatários posse hereditária. Desse modo, todo o Arquipélago passou a ser rapidamente uma espécie de lago veneziano.(31) Nota do Autor
Já Lujo Brentano pudera dizer que, nas colônias venezianas e genovesas do Levante, se introduzira desde cedo uma organização verdadeiramente feudal da economia e da sociedade, e que com o tempo passaria a ter um timbre capitalista. Em Quios, Creta (Cândia) e Chipre introduzira-se, assim, desde muito cedo, um sistema econômico de "plantações", mormente de açúcar e algodão, que prenuncia não apenas o que fariam os portugueses na Madeira, mas ainda o que desenvolveriam no Brasil. Um autor moderno chega mesmo a admitir, neste caso, forçando em demasia