Dois anos no Brasil

A TRAVESSIA

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- Meu caro amigo, diga-me, por favor, como lhe nasceu essa ideia de ir ao Brasil? Não sabe ser uma terra muito insalubre? A febre amarela, ali, é endêmica e, dizem mais, que as cobras, das mais venenosas, matam qualquer criatura em poucos minutos.

- Não se meta a ir ao Brasil - alertava-me outro. - Quem vai ao Brasil?! Não se põem os pés nesse país, senão para se ser o seu imperador. Você foi, por acaso, nomeado imperador do Brasil?

- Que feliz coincidência! — exclamou meu sapateiro. - Estimo que o senhor viaje para essas bandas. Vai me prestar um obséquio. Avalie que um figurão, dizendo-se marquês, me fez uma encomenda e antes de ma pagar embarcou para sua pátria, que se chama Bourbon.

Prometi ao meu sapateiro fazer todos os esforços no sentido de descobrir o seu marquês, meu futuro vizinho de algumas mil léguas, e obter dele o pagamento da conta ou, pelo menos, uma gorda amortização. Em reconhecimento, desde logo, o homem me consertou um par de botinas de maneira ainda pior que a costumada.

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