Singularidades da França Antártica

É ainda opinião dos entendidos que foi o autor das Singularidades quem deixou a primeira e a melhor notícia do processo de fabricar a tinta do jenipapo, tão usada pelos tupinambás nas cerimônias de antropofagia ritual e em outras mais das suas atividades importantes. Como também são de Thevet os melhores estudos quanto a alguns espécimes da nossa flora e da nossa fauna. O do javali, por exemplo, pois nem sequer deixou o franciscano de mencionar o batido rápido dos dentes da fera, quando esta se assanhava. E o da preguiça, que alguns consideram de magistral: animal disforme, do tamanho de uma bugia grande da África, o ventre quase arrastando pelo chão, a face parecida com a de uma criança, de pele acinzentada e veluda (refratária à água), pés munidos de três unhas semelhantes às espinhas da carpa (com os quais trepa nas árvores, onde vive mais do que em terra). Esse animal, quando apanhado (observa Thevet) solta suspiros que só menino quando sente dor. Outra coisa digna de nota "é que ninguém jamais viu comer a esse animal, muito embora os selvagens... o tenham tido sob observação durante muito tempo", acreditando algumas pessoas, porém, que a preguiça vive somente das folhas da umbaúba (Amahut no texto), onde ordinariamente vive. É verdade que o ingênuo cosmógrafo, iludido pela abstinência que mostra a preguiça ao deslocar-se de seu hábitat, deu versão à lenda ameríndia de que a preguiça não se alimentava, ou, pelo menos, ninguém a tinha visto comer. (1)Nota do Tradutor

O caju mereceu também do citado franciscano uma das suas melhores dissertações, não esquecendo ele de mencionar a forma de rim do fruto propriamente dito, o sabor da castanha

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