As mulheres são geralmente pequenas e, quando moças, bastante atraentes; mas com o correr dos anos se tornam quase todas mui corpulentas, porque, bem alimentadas, fazem pouco exercício. No Rio e em outras grandes cidades sempre aparecem às visitas de estranhos, mas isto não se dá quase nunca no interior, onde elas continuam esquivas, embora de grande curiosidade. Passei às vezes uma semana toda em casas onde sabia que havia senhoras, sem jamais ver delas senão os olhos negros que espiavam nas frinchas das portas dos aposentos internos.
Nas províncias longinquas de Goiás e Mato Grosso e Piauí, as mulheres de quase todas as classes são tão afeitas ao cachimbo como os homens. Índios raramente se veem no Rio: só meses depois de minha chegada vi o primeiro. Os morenos barqueiros do porto, que têm sido tomados por índios, são, como Spix e Martius já observaram, outras tantas variedades de mulatos.
Muito se tem escrito sobre a escravidão no Brasil. É assunto de magna importância e que reclama muito mais observação do que em geral lhe tem dado os que a esse respeito mais largamente escreveram. Estes têm sido particularmente viajantes apressados que hauriram de outrem suas informações, sem nenhuma observação pessoal. Aos estrangeiros recém-chegados contam os europeus residentes as mais ridículas histórias, como bem sei por experiência pessoal. Um dos mais recentes livros sobre o Brasil, e que ao aparecer maior crédito mereceu na Europa, é, talvez, dos menos seguros em suas afirmações. Tenho bons fundamentos para asseverar que o autor registrou todas as informações que lhe foram ministradas, mesmo as mais extraordinárias, sem o mínimo exame dos fatos. Mais de uma pessoa me informou que em jantares se ouviam indivíduos, mais conhecidos como espirituosos que verazes, a ministrarem ao autor informações sobre o Brasil, que valiam menos que nenhuma informação; mas tudo parecia aceitável e era imediatamente anotado.