No ano de 1825 Humboldt calculou toda a população do Brasil em 4.000.000, dos quais 920.000 brancos, 1.960.000 pretos e 1.120.000 mestiços e índios nativos. Aqui a proporção das raças de cor para os brancos é de cerca de três para um. Cálculos posteriores dão um total de 5.000.000 para toda a população.
Quando se promulgou aqui a lei que proibiu a introdução de novos escravos, imaginou-se que a proporção diminuiria rapidamente. E este seria sem dúvida o caso, se a lei tivesse sido rigorosamente observada, pois é sabido que entre a população escrava do Brasil o número de nascimentos é muito inferior ao de óbitos. Isto não acontece por motivo de maus tratos a ela infligidos, como têm suposto alguns escritores, mas pelo fato bem conhecido de que em todos os tempos foi menor a proporção de mulheres que de homens introduzidos no país. Em alguns Estados do interior a proporção de homens para mulheres chega às vezes a ser de dez para um. Na zona diamantina, em particular, as mulheres são raríssimas.
A lei da proibição, porém, não foi cumprida e a consequência da incessante introdução de escravos é que o seu número não tem declinado no país.
Nos cinco anos que passei no Brasil, tenho boas razões para crer que o suprimento de escravos foi quase igual à procura, mesmo nas mais remotas partes do Império.
A despeito de toda a vigilância dos cruzeiros tanto nas costas do Brasil como nas da África, era bem sabido de todos, no Rio, que se desembarcavam regularmente carregamentos de escravos a umas poucas milhas da cidade; e nas muitas viagens que fiz em canoas e em outras pequenas barcas ao longo das costas das províncias do norte, vi frequentemente desembarcarem levas de cem a 300 escravos e ouvi falar de outras.
Há muitos pontos preferidos para desembarque entre Bahia e Pernambuco, principalmente na embocadura do São Francisco. Repetidas vezes, quando viajava pelo interior,