republicano. Sei que este sentimento é geral, não só entre as classes inferiores, mas também entre os magistrados, sacerdotes, oficiais do exército e donos de terras; creio por isso que não vem longe o dia em que o Brasil participará do destino dos demais estados da América do Sul. Se tal acontecer, a população branca sem dúvida experimentará a selvagem capacidade das raças mistas, especialmente das que têm sangue africano: porque é notório que os piores criminosos são os desta classe, herdeira em parte do intelecto superior do branco, ao mesmo tempo que conserva a astúcia e ferocidade do negro; são em sua maioria livres e não têm boa vontade para com os brancos, que formam a parte menos numerosa da população. É de notar, porém, que na classe mais abastada dos proprietários de terras e comerciantes, que têm recebido os benefícios de uma educação mais liberal, especialmente os pertencentes às províncias ao longo da costa e os residentes perto da capital, esta corrente de opinião pública, que já uma vez quase ameaçou a ruína do império, foi em grande parte detida; e muitos dos que outrora defendiam os princípios republicanos são agora os mais fortes sustentáculos da monarquia, constitucional, convencidos de que esta é a melhor garantia de sua vida e prosperidade e do desenvolvimento da indústria e dos recursos do império.
As raças mestiças do Brasil recebem nomes diferentes dos que se lhes dão em territórios espanhóis. Os descendentes de europeus e negros chamam-se mulatos; os de europeus e índios indígenas, mamelucos; os de negros e índios, caboclos; os de mulatos e negros, cabras; o termo crioulo aplica-se à descendência dos negros. Considerei-me feliz, logo após minha chegada ao Rio, de fazer conhecimento e amizade com uma família, que já viajara nas partes remotas da América do Sul. Só quem, dia após dia, realiza solitárias excursões pelas escuras florestas, em vales sombrios, no cimo dos montes ou pelas praias agitadas de um país como o Brasil, onde tudo é novo e estranho, pode plenamente