Nas informações que passo a dar a este respeito, não reproduzo nada do que tenho lido, e sim o que tenho observado; tenho mesmo evitado ler sobre o assunto, não porque desconheça o valor das opiniões de pessoas muito mais competentes do que eu, mas porque, tendo tido aberto diante de mim o grande livro da natureza, não desejei percorrer-lhe as páginas com opiniões pré-concebidas e formadas no gabinete. Eis o que me tem parecido digno de nota:
O índio da raça primitiva, de que para mim são tipos o guaicuru em Mato Grosso, o xavante em Goiás, o mundurucu no Pará, é cor de cobre tirando para o escuro (cor de chocolate), estatura ordinariamente acima da mediana até verdadeira corpulência, cabelos sempre duros, o malar e a órbita salientes, quase reto o ângulo do maxilar inferior, o diâmetro transversal entre os dois ângulos posteriores do maxilar inferior é igual ao diâmetro transversal do crânio de um a outro parietal, o calcâneo grosso, o tarso largo, dando em resultado um pé sólido, se bem que algumas vezes de uma pureza admirável de desenho. Estes caracteres físicos, que ressaltam logo aos olhos do observador, os distinguem dos outros, cuja cor é amarela tirando para a da canela, estatura mediana, e às vezes abaixo disso, cabelos muitas vezes finos e até anelados, menos pronunciadas as saliências das órbitas e do malar, face menos quadrada e o dedo grande do pé muito separado do index, pés e mãos de uma delicadeza que faria o desespero dos mais elegantes da raça branca; as mulheres, de formas delicadas, regulares, e às vezes de grande beleza, quando as outras são verdadeiros colossos, grosseiros e tão solidamente musculados como um homem robusto, são outras tantas diferenças que não deixam confundir uma raça com outra.