Conclusão
Há muita coisa de grosseiro na forma das crenças selvagens.
Também as superstições cristãs do povo ignorante são grosseiras e extravagantes.
Desde, porém, que as examinemos, pondo de parte os nomes próprios e procurando descer às ideias fundamentais, ficar-se-á surpreendido da notável e profunda filosofia e poesia que elas encerram.
Tempo houve em que, graças aos esforços do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a literatura nacional manifestou a salutar tendência de estudar estes assuntos. Os cantos de Gonçalves Dias, Bernardo Guimarães, alguns romances de José de Alencar, composições mais antigas de José Basilio e Santa Rita Durão são um lindo colar de pérolas que a nossa geração legará à posteridade.
Posteriormente, alguns homens orgulhosos, se bem que notáveis por seu talento, e a sua frente João Francisco Lisboa, promoveram a reação. Eles que nada conheciam da língua e que, portanto, nada podiam conhecer da índole do selvagem, porque o que está escrito é falso, como mostrei, procuraram lançar o ridículo sobre estas belas tradições da velha América. Como não havia estudos sérios e profundos de filologia, a reação ganhou a vitória.(31)Nota do Autor