O Selvagem

Na raça primitiva e escura, há uma variedade que se distingue tanto pelo exagerado desenvolvimento do pênis que os mesmos selvagens a caracterizam por esse sinal.

Nas raças mestiças, a do Pará distingue-se por um caráter oposto.

Quanto aos caracteres intelectuais, tenho duas observações a fazer:

Pela experiência de três anos, que tenho no Colégio Isabel, vejo que os da segunda raça aprendem com mais facilidade a nossa língua, e a ler e escrever; entre os da primeira, alguns há de uma dificuldade de compreensão verdadeiramente desanimadora, para tudo que não sejam ofícios mecânicos, para os quais todos mostram rara aptidão. Entre os segundos alguns existem de inteligência não vulgar.

O adiantamento comparativo nas ideias religiosas é ainda um caráter distintivo entre os dois tipos. Os jesuítas antigos, que aliás neste ponto não eram observadores sagazes, porque para eles todo culto era tributado ao espírito maligno, e que não olhavam para essas coisas com isenção de espírito necessária para bem compreendê-las; os jesuítas já haviam dito: entre os brasis, alguns há que têm ideias de Deus, outros não. Isto não é exato; todos eles têm uma religião; a diferença é que uns tinham uma verdadeira teogonia, ao passo que outros só tinham um ou outro espírito superior, ao qual atribuíam certas qualidades sobrenaturais.

Mas a distinção, nem por isso é menos exata, neste sentido: há uma grande diferença entre as duas raças debaixo do ponto de vista do desenvolvimento do instinto religioso.

A primeira das duas, a que darei o nome de abaúna (índio escuro), para servir-me de uma designação