O Selvagem

econômica que faz dele o tipo insubstituível do vaqueiro americano. Os mais cuidadosos levam um surrãozinho de mate, uma garrucha, que é arma de defesa e de caça, um laço enrolado nas argolas da cilha, um pouco de fumo no bolso do cheripá; e a isto se limita a bagagem com que transpõem centenares de léguas.

É essa sobriedade que explica a existência de exércitos como os de Lopez Jordan e outros caudilhos.

As indústrias extrativas do norte estão no mesmo caso, e só vivem e medram porque existe o tapuio, e já representam nas províncias do Pará e Amazonas uma exportação de 12 mil contos anuais.

Quem visita uma canoa de tapuios, que saia do Pará para a safra da borracha, ficará tão surpreendido da sobriedade dos preparativos dessa expedição, que pelo comum dura seis meses, quanto aquele que tem ocasião de observar os preparos que faz o gaúcho oriental para suas viagens, e de que há pouco falei.

Na canoa destinada a servir-lhes de morada durante seis meses, veem-se alguns paneiros de farinha, que de ordinário não durarão mais de oito dias, um pacote com algumas arrobas de pirarucu seco, sal, anzóis, armas de fogo, mais provisão de pólvora do que de farinha, alguns molhos de fumo, violas e um adufo. Os preparos para uma viagem destas, em uma canoa que transporta toda a família, de dez a 15 pessoas, fazem-se com 30 a 40 mil réis; enquanto que o operário branco, com as necessidades, filhas da civilização, não a realizaria sem despender centos de mil réis, e ainda assim sujeitando-se às privações a que raras vezes sua saúde resistiria.

Quem visita os seringais da foz do Amazonas conhece logo, à primeira vista, que é o tapuio e não o branco que foi criado para aquela vida. A barraca