O Selvagem

maior do que comumente se pensa. Mesmo em algumas províncias do sul (São Paulo, Minas, Paraná, Rio Grande), essa população mestiça é considerável, muito maior que qualquer das provenientes puramente dos troncos branco e preto.

Ao passo que se remonta para o norte, o sangue indígena predomina nos mestiçamentos até que, no Ceará, Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas, ele corre mais ou menos misturado nas veias de cerca de dois terços da população.

Para bem avaliarmos a extensão dos cruzamentos no Brasil, podemos tomar, sem receio de exagero, o algarismo de cinco milhões de brancos, pretos ou mulatos, cruzados com aborígines. Se há erro neste algarismo é para menos, e não para mais.

O sr. Quatrefages, diante deste extenso cruzamento, pergunta: "Qual será o resultado, em relação à espécie humana, desta fusão de sangue, operada em tão alta escala no imenso cadinho da América?"

Depois de estudar a opinião dos diversos escritores que se têm especialmente ocupado dessas questões (dos quais alguns sustentam que a espécie humana perderá com o cruzamento, porque a raça branca, incontestavelmente a melhor que existe, ficará degenerada), conclui que o resultado final será benéfico para a humanidade; acrescentaremos que será benefício também para o Brasil.

Sem podermos entrar agora em um longo desenvolvimento do assunto, porque só esta parte exigiria uma memória tão extensa como a que escrevemos, não dispensarei, contudo, de citar alguns fatos e leis naturais que confirmam, para nosso país, a consoladora previsão que a ciência deduz desses cruzamentos.

Em primeiro lugar: Deus organizou a vida com leis tão sábias e inflexíveis, que não é possível supor-se