O Selvagem

Mens sana in corpore sano é a regra geral, se não o princípio da superioridade intelectual. A raça branca pura, na terceira ou quarta geração, sobretudo nas cidades do litoral, dá apenas descendentes magros e nervosos, ou gordos, de carnes e musculação flácidas e de temperamento linfático; se, sem robustez física, a inteligência não é sã — a raça branca não pode conservar sua superioridade sem estes cruzamentos providênciais que, no decurso do tempo, lhe hão de comunicar esse grau de força de que ela necessita para resistir à ação deletéria do clima de nossa terra.

Os estudos a este respeito têm descido já a grandes minuciosidades, e sabe-se hoje que o melhor mestiço é aquele que resultar do tronco branco no qual se haja infiltrado um quinto de sangue indígena.

Não devemos conservar, pois, apreensões e receios a respeito dos futuros habitantes do Brasil. Cumpre apenas não turbar, partindo de prejuízos [preconceitos] de raças, o processo lento, porém sábio, da natureza. Nosso grande reservatório de população é a Europa; não continuamos a importar africanos; os indígenas, por uma lei de seleção natural, hão de cedo ou tarde desaparecer; mas se formos previdentes e humanos, eles não desaparecerão antes de haver confundido parte do seu sangue com o nosso, comunicando-nos as imunidades para resistirmos à ação deletéria do clima intertropical que predomina no Brasil.

Santo Agostinho dizia: "Deus é tão grande nos arcanos de sua providência, que não permite o mal senão porque dele sabe derivar o bem". Quer isto dizer: nós julgamos muitas vezes que uma ordem de fatos é um mal, porque a fraqueza de nossa inteligência não pode alcançar as consequências finais, que são ordinariamente o bem; certamente que os sistemas e prejuízos