saltus, e suas transformações são lentas e não se completam senão no decurso de muitos séculos.
Mas não seria melhor que o Brasil fosse povoado só por brancos? Para responder sensatamente a esta pergunta, é necessário ter em consideração diversos fatos e leis físicas.
É fato averiguado que a aptidão para a aclimação em um país quase todo intertropical não é igual para todos os troncos. O negro resiste melhor ao calor do que o branco; o indígena se deve considerar como um termo médio entre esses dois extremos. Em 1857, viajando eu de São Paulo para Minas, sucedeu que pousassem comigo, no mesmo rancho, uma família de colonos alemães, recentemente chegados, e um comboio de escravos pretos idos do Rio de Janeiro. Enquanto os pretos se reuniam ao pé do fogo para se aquecerem, — os alemães suavam e pareciam sufocados de calor dentro do rancho. Este contraste de sensações opostas, produzidas pelo mesmo grau de temperatura, indica bem claramente a aptidão de cada tronco para habitar países quentes ou frios.
Um fato, que terá sido observado por todos, é a pronta degradação da raça branca no Brasil, sobretudo nas cidades do litoral, ou nos lugares onde abundam miasmas paludosos. Na província de Goiás existe uma grande região, conhecida com o nome de vau do Paraná, onde só o negro, o mulato e o mameluco podem viver; o branco, que ali for residir, morre cedo, ou tarde, de febres paludosas; a cidade de Mato Grosso, na província do mesmo nome, está também nesse caso; a ação deletéria do clima tem ali extinguido a raça branca. Nos vastos seringais da província do Pará, ao passo que o negociante branco (o regatão) não vive ali alguns meses sem voltar inchado, pálido e anêmico, o tapuio medra, cresce e multiplica-se.