O Selvagem

Bolívia, pouco acima da Baía Negra: a artilharia desse forte, que não podia subir pelo rio da Prata, porque o governo espanhol não consentiria, veio pelo Madeira, foi varada por terra do Guaporé para o Jauru, e daí desceu até ao forte. Conheci ainda, já muito avançado em armas, um piloto que serviu nos barcos que a transportaram, sendo então de 15 anos de idade; esse homem, chamado João Antonio, residente no meio do sertão de Cuiabá, no lugar denominado Sangrador Grande, narrou-me mais de uma vez as peripécias dessas viagens, em que gastaram um ano lutando com os índios, com as cachoeiras, com a terrível peste denominada maculo [mal-de-bicho] e quase sempre com a fome. O outro vestígio da atividade de nossos maiores nesses sertões é o gigantesco forte do Príncipe da Beira, situado na margem direita do Madeira, defronte à missão jesuíta espanhola de Moxos.

Calculo que as distâncias a percorrer, segundo este roteiro, sejam de 1.450 léguas, a saber: 730 de Montevidéu ao registro do Jauru; 20 por terra, do registro à ponte do Guaporé, dobrando aí o divisor das águas; 700 da ponte do Guaporé à foz do Madeira.

As viagens que de Mato Grosso se faziam para o Amazonas estão hoje totalmente abandonadas, devido à maior facilidade que se encontra em outras comunicações, suprindo-se os habitantes de Vila Bela, dos gêneros de que necessitam, em Cuiabá.

2° O segundo roteiro seria deixar o Paraguai à esquerda, subir o São Lourenço e Cuiabá, até a cidade deste nome, seguir 30 léguas por terra até a vila do Diamantino, ponto esse em que se dobra o divisor das águas, com oito léguas, ir ao porto no rio Negro que serve a essa vila, e por ele abaixo, Jururema e Tapajós, ir à cidade de Santarém no Amazonas, junto à foz do