As linhas de navegação a vapor do Araguaia, que partem de Leopoldina, uma para o sul até pequena povoação de Mato Grosso, denominada Itacaiú, outra para o norte até ao presídio de Santa Maria, cortam o plateau central no rumo de norte a sul em uma extensão de 230 léguas. Aí o vapor, passando por entre as numerosas aldeias de índios que ainda andam nus, apresenta em contraste os dois extremos da cadeia humana: a raça mais civilizada que usa desse primeiro agente do progresso e o homem nu, imagem viva da primeira rudeza e barbaridade selvagem de nossos maiores.
Quando comecei minha vida pública, neste grande caminho do Amazonas ao Prata, tínhamos apenas 60 léguas navegadas por vapores brasileiros. Muitas vezes, nas noites em que era obrigado a velar com o revólver na mão para defender-me dos índios, perguntei a mim mesmo quando a civilização chegaria a essas solidões. Hoje temos 1.030 léguas navegadas a vapor, e não 60 que então havia. 1.030 léguas pelo interior, e há brasileiros que desesperam do nosso progresso!
Conceda-nos Deus paz interior, como nos tem concedido até hoje, e talvez em futuro não mui remoto tenhamos de ver a estrada de ferro ligando essas regiões ao Rio de Janeiro, tomando a forma de um T colossal, cuja cabeça ligue o vale do rio da Prata pelo Pequiri ou São Lourenço, o outro o do Araguaia, e, portanto, o do Amazonas, garantida assim a este colosso sua integridade territorial, que sem ela dificilmente conservará.
Conceda-nos Deus paz, e isto, que parecerá agora utopia, será dentro de alguns anos fértil realidade.
Tal é a grande região em que erram hoje as populações aborígines mais densas do Império.