I
Considerações preliminares
Por muito incompleta que seja ainda a coleção das lendas tupis, ela encerra o monumento mais autêntico e curioso que se tem até hoje publicado a respeito do elemento intelectual dos selvagens do Brasil, e por isso suponho que ele atingirá o futuro mais remoto.
Diante das narrações, ainda mesmo dos viajantes mais graves, é licita a dúvida, porque ninguém ignora quão profundamente os fatos podem ser alterados por elementos provenientes do juízo daquele que no-los narra e de seus meios de informação, sempre tão difíceis quando se trata de saber daquilo que pensavam povos cuja língua o historiador não conhecia.
Diante de textos originais desses povos, a dúvida desaparece e seu obscuro mundo moral se revela, tal qual é, às investigações da ciência.
Daí o ardor com que a positiva e enérgica raça anglo-saxônica tem investigado e coligido os textos originais das raças primitivas do centro e interior da África, da Ásia e da América.
Tive a ambição de ser o colecionador das lendas aborígines do Brasil e venho trazer os primeiros frutos desse trabalho.