O Selvagem

Rig Veda, a qual era tão veloz que um dos hinos védicos a denomina apãd, a donzela sem pés ou sem calçado.

Assim: como muitos dos mitos populares do Brasil são mitos védicos, assim também muitos são mitos tupis.

Quem viaja pelo interior das províncias de São Paulo, Minas, Goiás e Mato Grosso ouve constantemente histórias em que o Saci Cererê, o Boitatá, o Curupira, como lhe chamamos, ou o Curupim, como lhe chamam paraguaios e cuiabanos, representam importante papel na vida do homem. Esses mitos tupis se confundem aqui nas tradições populares com os mitos védicos de que acima falei. E isto mostra que:

Neste imenso cadinho da América, ao passo que se fundem e se amalgam [sic] os sangues dos grandes troncos da humanidade, fundem-se e amalgam [sic] também suas ideias morais, por uma lei de conservação confiada a esse operário inconsciente e tenaz: a memória e a tradição do povo iletrado.

Ao passo que as pesquisas dos sábios se vão alargando sobre o animal homem, vai-se descobrindo uma lei que conserva por assim dizer a unidade do tipo nas produções do espírito, assim como conserva a unidade do tipo físico, apesar da variedade das raças. As ideias morais fizeram sempre o seu caminho pelos mesmos processos, e se notamos entre os povos tão grandes diferenças, é porque raros coexistiriam no mesmo grau de civilização.

Na raça ariana e suas derivadas, os mitos são a explicação simbólica e poética daqueles fenômenos meteorológicos que mais impressionavam a humanidade, e são, ao mesmo tempo, poemetos didáticos onde, sob a forma de um episódio quase sempre vestido de diálogos singelos, se ensina uma verdade moral. É corrente