O jabuti gritou:
— Meus parentes, meus parentes, venham!
A onça ouviu, foi para lá e perguntou:
— Que estás gritando, jabuti?
O jabuti respondeu:
— Eu estou chamando meus parentes, para comerem a minha caça grande, a anta.
A onça disse:
— Tu queres que eu parta a anta para você?
O jabuti disse:
— Eu quero; tu separas uma banda para ti, outra para mim.
A onça disse:
— Então vai tirar lenha.
Enquanto o jabuti foi, a onça carregou a caça dele e fugiu. Quando o jabuti chegou, encontrou apenas fezes; ralhou com a onça e disse:
— Deixa estar! Algum dia eu me encontrarei contigo!
III
O jabuti e o veado
NOTA — Deve faltar aqui alguma coisa, porque, tendo a onça, na lenda anterior, carregado a anta, no presente episódio se vê que o jabuti já a tinha reavido.
O mito é, em resumo, o seguinte: tendo o veado apostado uma carreira com o jabuti, este espalhou ao longo do caminho outros jabutis, e ele mesmo se foi colocar na raia, de modo que, quando corriam e o veado chamava pelo jabuti, sempre um dos jabutis, postados no caminho, respondia adiante.
A máxima desenvolvida neste episódio é a seguinte: a astúcia e a inteligência valem mais que a força; ensinar esta máxima, por meio de um episódio em que o jabuti, o mais vagaroso dos animais, vence o veado na corrida, não será muito cristão, mas devia gravar indelevelmente essa verdade na inteligência do selvagem.