a você.
O jabuti falou:
— Deixe estar; eu hei de achar ele. Então agora, rio, me vou de você. Quando avistar eu, estarei com o cadáver de seu pai.
O rio respondeu:
— Não bula com meu pai; deixe ele dormir.
O jabuti falou:
— Agora, certo, me alegro bem; rio, me vou ainda.
O rio respondeu:
— Ah, jabuti, pode ser que você queira enterrar segunda vez!
O jabuti falou:
— Não estou no mundo para pedra; agora vou ver se é mais valente do que eu; adeus, rio me vou ainda.
O jabuti foi-se embora. Sobre a margem do pequeno rio encontrou a anta. O jabuti falou a esta assim:
— Eu encontrei você ou não? Agora você verá comigo. Eu, dizem, sou macho.
Pulou adiante nos escrotos da anta. Então falou:
— O fogo, dizem, devora tudo.(22)Nota do Autor
O jabuti pulou com valentia sobre os escrotos da anta. A anta assustou-se, acordou. A anta assim falou:
— Pelo bom Tupã, jabuti, deixe meu escroto.
O jabuti respondeu:
— Eu não deixo, porque quero ver a sua valentia.
A anta falou:
— Então, estou me indo.
A anta levantou-se, correu sobre o rio pequeno; no fim de dois dias, a anta morreu. O jabuti então falou:
— Eu matei você ou não? Agora eu vou procurar meus parentes para comerem você.
II
O jabuti e a onça
NOTA — Neste segundo episódio, parece que a máxima ensinada é a seguinte: quando o poderoso faz partilha com o pequeno, este é quase sempre o prejudicado. Ao leitor não escapará a semelhança que há entre esta e a fábula grega da partilha do leão com os seus companheiros de caça.