O Selvagem

prestar nessas duas terças partes do nosso território, porque as indústrias extrativas, únicas possíveis nessas regiões (enquanto não houver estradas) só têm sido e só podem ser exploradas pelo selvagem.

Que proveito temos nós tirado dos selvagens, perguntam muitos.

Tiramos nada menos do que metade da população atual do Brasil, não da população que ocupa os altos cargos, as funções públicas, os salões, os teatros, as cidades; mas da população que extrai da terra milhares de produtos que exportamos ou consumimos; da população quase única que exerce a indústria pastoril; da população sobre que mais tem pesado até hoje o imposto de sangue, pois é o descendente do índio, o mestiço do índio, do branco e do preto o que quase exclusivamente ministra a praça de pré ou o marinheiro.

S. A. Real, presidente dessa comissão, comandando o nosso exército na guerra do Paraguai, viu nos homens de cor, de que se compunha a quase totalidade das praças de pré, um transunto da população operária do Brasil.

Se mais tarde ele viajar todo o país encontrará o mesmo que viu no exército e que já tem visto nas províncias de Minas, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande.

Do préstimo e do valor desses homens como soldados ninguém melhor está no caso de julgar do que o presidente dessa comissão.

E para recordar um só argumento, seja-me lícito ponderar o seguinte:

Quando ele assumiu o comando de nossas forças, a guerra ameaçava entrar nesse perigoso período em que se acha atualmente a luta civil na Espanha.

Se o exército fosse composto de homens habituados